Por Lígia Correia – Presidente do CA da APRAM
O prolongamento do molhe da Pontinha insere-se no projeto estratégico para o mercado de cruzeiros.
Não é por acaso que a Madeira foi a primeira região do país a definir em 2005, um porto turístico, no Funchal, e um porto de mercadorias, no Caniçal, assumindo a diferença destes nichos de mercados com total separação da área de intervenção.
Desde sempre foi dada importância ao mercado de cruzeiros, potenciando o Porto do Funchal como porto âncora da rota Madeira-Canárias, embora não descurando a sua história como porto tradicional da rota do Atlântico, a receber navios há muitos anos, quer integrados no itinerário, quer como ponto de passagem para outras paragens, nestas os designados transatlânticos.
Ampliar a Pontinha é urgente por dois motivos: pelo negócio e pela proteção da cidade.
Comecemos pelo negócio.
Como receita para a APRAM são pouco mais de três milhões de euros, mas o impacto na economia regional é muito superior.
Contas feitas e de acordo com os últimos estudos, conclui-se que são injetados anualmente na economia, resultado dos gastos de passageiros e tripulantes, cerca de 55 milhões de euros. Num mercado pequeno, como é o da região, praticamente sem economias de escala, esta receita fala por si.
Mas, a indústria hoje está a mudar!
A aposta das companhias em navios cada vez maiores, faz com que as autoridades portuárias tenham que adaptar as infraestruturas à nova realidade. Só para termos uma ideia, os navios que já saíram ou estão a sair do estaleiro este ano têm quase todos mais de 300 metros de comprimento. O novíssimo “Symphony of the Seas” é o maior, tem 362 metros de comprimento e capacidade para mais de 6 000 passageiros.
Os operadores pretendem cada vez mais oferecer navios com maior capacidade de alojamento, com muitas facilidades e segurança, aliando diversão e atendimento. E, ainda, com outra preocupação não menos importante - dispor de navios cada vez menos poluentes.
A opção do LNG está a crescer e a Madeira já oferece este tipo de abastecimento.
Agora, temos de nos preparar para receber os grandes navios, em alinhamento com os restantes portos da rota, e não ficarmos apenas com os navios mais pequenos que, naturalmente, vão continuar a existir. E para isso, condição fundamental, é ter cais onde estes navios possam operar.
O prolongamento da Pontinha vai dotar o cais 8, de condições de acostagem para navios de cruzeiros em qualquer época do ano. Cabe aqui relembrar que normalmente a reserva de cais para os navios de cruzeiros verifica-se com um ano e meio a dois de distância!
E sobretudo, é fundamental na proteção da nossa cidade!