História dos cruzeiros na Madeira

“Pela sua posição a meio do Atlântico, a Madeira foi, durante décadas, ponto de passagem dos grandes paquetes oceânicos, tendo constituído, até à II Guerra Mundial, um importante porto de escala das rotas entre a Europa e os continentes africano e americano. Entre os navios de passageiros e mercadorias que escalavam regularmente o Porto do Funchal, destacavam-se os das linhas que estabeleciam a ligação entre Portugal Continental e as suas ex colónias africanas e entre a Inglaterra e a África do Sul.

 

Com o desenvolvimento do transporte aéreo e a diminuição do peso do transporte marítimo de passageiros, o Funchal perdeu parte da sua importância como porto de escala no Atlântico, assistindo ao decréscimo do movimento de navios e de passageiros. Contudo, a Madeira nunca deixou de ser um ponto de escala dos navios de cruzeiro, e, com o ressurgimento recente da actividade dos cruzeiros turísticos ao nível mundial, a região tem-se afirmado como uma referência importante nesta área do Atlântico e como um destino em crescimento.

 

A importância da Madeira como ponto de escala regular dos grandes paquetes de passageiros iniciou-se muito antes do boom dos cruzeiros turísticos. Nas décadas de 40 e 50, os navios a vapor da linha Southampton - Cape Town, que asseguravam uma ligação regular quinzenalmente com a colónia inglesa na África do Sul, faziam escala na ilha da Madeira, transportando muitos turistas ingleses para a ilha.

 

A Greg Line foi uma das primeiras companhias de cruzeiros a operar com regularidade, nos princípios da década de 60, uma linha entre a Inglaterra e a Madeira, onde existia uma comunidade inglesa importante. Esta linha teve, contudo, uma curta duração, pois foi encerrada poucos anos após o seu estabelecimento, devido às repercussões de um incêndio num dos navios da empresa - o Lacónia – que ocorreu a cerca de 150 MN Norte da ilha do Porto Santo.

Ainda nos primeiros anos da década de 60, começaram a frequentar a Madeira os navios Camberra da PYO Orient Lines e, iniciava-se então, a “época de ouro” para os navios Soviéticos da Black Sea Ship Companie, os quais operavam a partir de St Petersburg.

 

As décadas de 60 e 70, nesta zona do Atlântico, foram dominadas pelos navios soviéticos de cruzeiros, que, apesar de possuírem bandeira e tripulações soviéticas, tinham uma clientela oriunda, maioritariamente, dos países nórdicos.

 

Posteriormente, a partir dos anos 80, e sobretudo na década de 90, a indústria dos cruzeiros registou uma fulgurante expansão, inicialmente circunscrita aos Estados Unidos da América e, depois, abrangendo a Europa.  

 

Na Madeira rapidamente se fez sentir este efeito, tendo-se assistido ao aumento do número de linhas de cruzeiro, bem como de navios e de passageiros, ao mesmo tempo que se têm concretizado iniciativas com vista ao desenvolvimento sustentado da actividade nos portos da região.  

 

A forte tradição turística, a existência de equipamentos e serviços de apoio aos visitantes, a convivialidade do seu povo, a tranquilidade e a estabilidade política são chave para o sucesso de mercado turístico de cruzeiros na Região Autónoma da Madeira. Um outro conjunto de factores a relevar são os de ordem geográfica: o ambiente, o clima, o apelo das ilhas e a sua localização geográfica.

As linhas de tráfego que fazem regularmente escala nos portos da Região, inserem a Madeira nos circuitos de cruzeiros que se desenvolvem entre os Arquipélagos da Madeira e das Canárias e o Norte de África. Existem também alguns circuitos que operam a partir do Mediterrâneo Ocidental ou da fachada atlântica da Europa, nomeadamente a partir de Lisboa.

 

O Funchal surge também como um importante porto de escala de viagens transoceânicas, nomeadamente ligadas ao reposicionamento anual dos navios entre os E.U.A. e a Europa e vice-versa.”

 

in, Figueira de Sousa, João - O Arquipélago da Madeira na Rota dos Cruzeiros Turísticos